Pedro Neves

Maçonaria - Esoterismo - Simbolismo

Textos

MAÇONARIA - 050 - ORIGENS INICIÁTICAS 7.7 - A GRÉCIA - PITÁGORAS - 1ª PARTE
MAÇONARIA
ORIGENS INICIÁTICAS

7.7
A GRÉCIA
PITÁGORAS
1ª PARTE

Pitágoras que foi posterior a Orfeu, ensina as mesmas verdades, com o mesmo fim a atingir.
Aquele que segue os seus ensinamentos pela ambição gloriosa de vir a ser Deus, não é submetido à morte e ao renascimento.
A prática de sabedoria conduz aos mesmos resultados, mas o que é típico em Pitágoras, é a ausência de toda preocupação ritual. O ensinamento de Pitágoras, posto que respeitando as práticas religiosas e seus adeptos, desenvolve-se mesmo em uma certa medida, é, em si mesmo, exclusivamente, laico. É o único exemplo que encontramos na antiguidade. No Egito, o culto estende as suas cerimônias; na Grécia, os ritos de Orfeu em honra de Dionísio, o culto de Demeter e de Perséfone, tal como se praticavam em Eleusis, revestiam um caráter essencialmente religioso.
O ensinamento iniciático não se separa da religião, contenta-se em magnificar, penetrando em seus símbolos, em que se descobre o sentido oculto mais belo do que todas as imagens.
Pitágoras conheceu a existência de Deus, mas não lhe eleva altares. Ele não dá forma ao culto que o homem deve à divindade. Deus está em toda a parte, em todas as coisas, e o iniciado deve-lhe as suas homenagens e o seu respeito, mas na própria natureza.
Não lhe consagra, pois, ritos, festas solenes, nem sacrifícios. Deus está presente, sem cessar, no pensamento do adepto, e esta preocupação constante força-o a fazer uma homenagem de todas as suas ações ao Criador que as vê e as julga.
Pitágoras nasceu em Samos em 569 A . C. Seus pais eram opulentos; fizeram-lhe dar uma instrução muito vasta.
Não ignorava nada do que se ensinava no seu tempo: filosofia, matemáticas, poesia, música e todos os exercícios do corpo, sem os quais um grego não vivia. Esta educação terminada, o jovem, impelido pelo desejo de se instruir, empreendeu uma viagem de estudos. Visitou sucessivamente Lesbos, Mileto e toda a Fenícia.
Conheceu ele os mistérios órficos? Foi ele iniciado? Nada permite supor tal coisa.
O que podemos contar como certo é que ele voltou ao Egito e aí fez uma longa estadia. Recebeu certamente a iniciação nos Templos de Isis e Osíris.
E no decorrer de um período de 22 anos que ele passou nesse país, de 547 a 526 antes da nossa era, que a sua iniciação e seus trabalhos fizeram-lhe adquirir estes profundos que fizeram dele um dos mais maravilhosos, senão o maravilhoso espírito da Humanidade.
O Egito era reputado por seus mistérios e todos aqueles que desejavam possuir a sabedoria corriam a esse país para obter a iniciação. Pitágoras foi e obteve todo o saber que possuíam em seu tempo.
Os Egípcios – diz ele - eram reservados e contrários à profanação da sua sabedoria, tornando público o que revela o conhecimento de Deus. Os mais sábios e prudentes dos Gregos testemunharam: Sólon, Tales, Platão, Eudoxio, Pitágoras e, depois de alguns deles, Licurgo mesmo, iam pedir a sua instrução aos sacerdotes deste país.
“Sabe-se que Eudoxio teve conselhos de Chonofeus, que era de Menfis, Sólon foi dirigido por Sonchis de Sais e Pitágoras por Enufeus que era de Heliopolis”.
“Pitágoras era tido em grande estima por seus antigos mestres e deu lugar a que se acreditasse que ele era muito estimado porque quis imitar a maneira mística de falar em palavras encobertas e de ocultar a sua doutrina e as suas sentenças sob palavras figuradas e enigmáticas, porque as cartas que se chamam hieroglíficas no Egito, são todas semelhantes aos preceitos de Pitágoras”.
É assim que ele ordena: “não comer nunca sobre uma cadeira, não sentar nunca sobre uma medida, não plantar palmeiras e não atiçar fogo, no interior de uma casa, com uma espada na mão”. (Traité d´Isis et d´Osiris).
No momento em que Cambises levou todos os desastres e todas as desordens da mais brutal invasão, Pitágoras partilhou da sorte dos sacerdotes egípcios aos quais estava ligado.
Foi transportado à Babilônia e foi aí que se ligou aos sacerdotes caldeus, que lhe revelaram muitos conhecimentos na parte da iniciação em que eles eram senhores do mundo conhecido, a astronomia e a astrologia, das quais não se separavam.
Foi ao curso desta comunhão com os magos (comunhão que durou 12 anos), que ele foi iniciado na magia e nos conhecimentos especiais dos colegas iniciados caldeus, sobretudo no que se relacionava à adivinhação.
Depois de uma ausência de 34 anos (22 no Egito e 12 na Caldéia), Pitágoras voltou à Grécia. A sua intenção era formar uma escola onde pudesse ensinar a doutrina que ele formara ao curso de longos estudos. Entregou-se, pois, à Crotona, onde os poderes públicos o autorizaram a fundar esta escola, cuja reputação veio a ser tão grande em toda a Grécia antiga.
O ensinamento pitagórico comportava experiências como todas as iniciações antigas, mas estas experiências não eram as mesmas que eram impostas aos adeptos de outros agrupamentos.
O fim era o mesmo. Era a ascensão do homem para a sabedoria divina e imortal beleza.
Quanto às provas, o lado material tinha sido grandemente simplificado. Nada de terrores nas intermináveis galerias subterrâneas, nada de poços, cuja vertigem houvesse de enfrentar-se, nada de lutas materiais contra o Fogo, a Água e o Ar; era preciso, todavia, assegurar-se da resistência física e moral do novo adepto, da sua persistência, da vontade. Fisicamente, os exercícios do estágio compensavam. Moralmente, o silêncio imposto fazia função dos trabalhos eliminatórios.
Este silêncio durava de dois a cinco anos.
O estágio de preparação tinha grande importância, porque nenhum adepto o aceitava sem ter sofrido um exame minucioso.
Proibia qualquer manifestação muito viva, todo abalo inconsiderado. Não eram propícios à meditação, à seriedade, à profundeza de julgamento incompatível com o transporte das idéias. Era a prática do adágio: “CONHECE-TE A TI MESMO”.
Pitágoras falava a esses novos eleitos da Causa primordial, daquele que é, ao mesmo tempo, Um e Todo, que os povos figuraram sob mil formas, porém, que não possui nenhuma e cujos aspectos são apenas símbolos que se admitem para tornar mais acessível o impenetrável conhecimento divino.
É a Um e ao Todo, que é preciso fazer começar a origem das coisas e, se ela nos parece misteriosa, é devido à inferioridade de nossa inteligência, incapaz de se elevar a semelhantes alturas.
Instruía também seus discípulos sobre o objeto da vida atual.
Para Pitágoras, esta vida é o resultado de muitas outras; ela é somente um estágio de aperfeiçoamento na senda que nos dirige para o divino.
As alegrias e penas que nos acontecem são apenas o resultado das nossas ações passadas. É fácil, como se vê, aparentar o ensinamento pitagórico com a teoria búdica do Carma.
O dever da existência presente era, pois, eliminar o mal adquirido nas vidas anteriores e preparar-se para as vidas futuras pelo exercício das virtudes.
Era necessário submeter-se a uma ascese severa e a uma forte disciplina; elevar o pensamento e abrir o coração aos sentimentos altruístas; assim viria a reparar os erros do passado, a abrir o espírito à senda triunfal do futuro.
Uma parte muito importante do ensinamento de Pitágoras era o estudo dos números sob o ponto de vista simbólico e místico.
A crer no sábio de Samos, “os elementos dos Números são os elementos de todas as coisas”.
Importava conhecer os Números em si mesmos e nas suas relações com a natureza, de tal maneira que se pudessem penetrar, quanto estivesse nas possibilidades do espírito humano, os ritmos essenciais que modificam a matéria.
Por infelicidade, tudo o que pôde ser escrito sobre o ensinamento dos números e de suas leis foi absolutamente perdido e nós não poderemos possuir mais nada, senão textos vagos de lembranças que nos permitem reconstruir o pensamento do sábio.
O terceiro grau da iniciação pitagórica era a senda da perfeição.
Aquele que havia passado com sucesso os dois primeiros estágios, que tinha escutado no silêncio absoluto os ritmos da criação, que era identificado à vida dos seres, devia agora se identificar a Deus, para revestir-se, segundo a palavra de Pitágoras, “da forma de Um Deus Imortal”.
A recompensa deste esforço magnânimo era a sabedoria que é sobre a terra, a promessa da imortalidade. Nada mais lhe era oculto. Ele adquiria novos deveres. Os verdadeiros adeptos deviam espalhar-se pelo mundo para fazer conhecer a doutrina que haviam recebido.
Foi assim que, em muito pouco tempo, a escola se tornou conhecida no mundo inteiro e que a mais alta moral de Pitágoras ganhou terreno rapidamente.
Mas este belo clarão devia ser de pouca duração. Em seguida uma revolução, uma luta ardente estabeleceu-se em Crotona, entre o povo e a aristocracia, à qual pertencia a escola pitagórica.
Aqueles que não compreendessem a sublimidade de um tal ensinamento eram naturalmente opostos. Por isso, o seu primeiro cuidado foi por fogo neste Templo do Espírito que eles não sentiam o dever de lhe pertencer.
Aqueles que eram discípulos, que não tinham sido massacrados pela plebe furiosa e que não conseguiram fugir, pereceram nas chamas.
Alguns dizem que Pitágoras sofreu esta sorte, outros afirmam que o ilustre velho pôde refugiar-se em Taranto, e que morreu 470 anos A . C.
Salvo tradições bastante incertas, não nos resta grande coisa da iniciação pitagórica. O único documento ao qual  podíamos ajuntar como importante, é aquele que nos foi conservado por Lisias: Versos Áureos, que parecem ser uma coleção de máximas morais e iniciáticas para uso dos discípulos que deviam decora-las, como dissemos.
Para tomar ao menos parte no ensinamento de Pitágoras, é necessário notar-se este documento. Ele foi traduzido em diversas partes por adeptos cuidadosos em conservar-nos este alto ensinamento de um espírito dos mais puros que a terra pôde conhecer. Hiérocles, publicou-os no começo da era cristã. Relativamente, Fabre d´Olivet, traduziu-os e comentou-os. Mais recentemente ainda, o Dr. Paulo Carton, deu uma excelente tradução de que nos serviremos nas nossas citações.

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Pedro Neves
Enviado por Pedro Neves em 16/11/2008
Alterado em 23/11/2010


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