Pedro Neves

Maçonaria - Esoterismo - Simbolismo

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MAÇONARIA - 037 - ORIGENS INICIÁTICAS 5.2 - A ÍNDIA BÚDICA - 2ª PARTE
5.2
A ÍNDIA BÚDICA - 2ª PARTE

O Bhagavad-Gita

O Bhagavad-Gita ou Canto do Bem-aventurado, é de uma data impossível de se determinar. Ele é intercalado como episódio no Mahabharata, o célebre poema épico da Índia, que narra a luta das dinastias sagradas que disputam a preponderância esclarecida contra a impulsividade sensual pela vitória da raça solar representante da intelectualidade.
O Canto do Bem-aventurado é ensinado por Krisna, que os indianos consideram como a quinta encarnação de Vishnú, vindo para criar a paz e a harmonia no mundo. A nona encarnação foi a de Buda, à qual Krisna é anterior cerca de 2.400 anos.
O Bhagavad-Gita baseia o seu ensinamento sobre existências sucessivas, sobre esta lei do Carma, que é a regra do mundo.
O herói do poema é o rei Arjuna, filho de Pandú, com sua hesitação de partir para a guerra, confiando isso a Krisna, que lhe demonstra que a primeira necessidade é operar segundo o seu dever.
Arjuna deve partir para a guerra? Sim, responde Krisna, porque cada um está submetido aos deveres de sua condição, além disso a morte do corpo, tanto para nós como para os outros, não têm nenhuma importância, pois que só o corpo morre e a parte imaterial, o espírito continua vivo.
Krisna assim se exprime: “Assim como deixamos as vestimentas usadas para tomarmos uma nova, assim também a alma deixa os corpos usados para tomar outros corpos novos”.
A duração destas vestimentas, é sem fruto para a alma e o que elas vêm a ser em seguida não apresenta nenhum interesse. Marcha, pois, ao combate, Arjuna, pois que tu foste chamado para o teu dever e por uma justa causa. “morto ganharás o céu; vencedor, possuirá a terra”.
Arjuna, solicita explicação de como reconhecer o sábio, ao que Krisna responde:
O sábio não deve ser acessível a nenhum outro sentimento humano, senão a caridade, a piedade e o amor a Deus.
Krisna ordena a ação, “faze, pois, o que é necessário; a obra vale mais do que a inação; sem operar, tu não poderias mesmo nutrir teu corpo”.
O adepto deve primeiramente lutar contra a ignorância, porque ela impede a eclosão da fé. A fé é necessária à formação do adepto. Ele tem que saber ousar, que é o terceiro termo da interpretação da Esfinge.
O Bhagavad-Gita ensina: “o que se denomina renúncia, é a própria união; é aquela que nos faz romper a atração das coisas materiais, que entravam o livre lance do espírito para o seu fim absoluto”.

A Voz do Silêncio

A Voz do Silêncio, é um resumo de fragmentos escolhidos de preceitos de ouro para o uso cotidiano dos “Lanús” ou discípulos. Estes fragmentos foram traduzidos por Blavatsky; pertencem a uma série de livros sagrados dos quais fazem parte igualmente as Estâncias de Dzyan, publicadas e comentadas por Blavatsky na sua imponente obra: A Doutrina Secreta.
A base de todo ensinamento iniciático encontra-se na lei do Silêncio. O silêncio facilita a concentração mental e a concentração é, propriamente, a base da educação do pensamento e da aquisição dos grandes poderes.
Dhâranâ e a concentração e aquele que quer ser um iniciado deve aprender a sua natureza.
O discípulo deve procurar o Raja de seus sentidos, produtor do pensamento, aquele que desperta a ilusão.
O mental é o destruidor do real.
Que o discípulo destrua o destruidor; somente quando abandonar a região de Asat, o falso, ele entrará no reino de Sat, o verdadeiro, só então o seu ouvido interior, ouvirá a Voz do Silêncio.
E o que ao iniciado essa voz misteriosa?
Uma das vozes, a matéria, diz: “se tua alma sorri, banhando-se no sol de tua vida; se tua alma conta na sua crisálida de carne e matéria; se tua alma chora no seu castelo de ilusão; se tua alma se debate para quebrar o fio de prata que o une ao Mestre (nosso Eu ou personalidade superior); crê, discípulo, é na terra que está tua alma”.
Diz a grande lei: “antes de vir a ser conhecedor de seu próprio Eu, deves ser primeiramente o conhecedor de ti mesmo”.

AUM

AUM é o monossílabo sagrado em que se resumem mistérios da iniciação na Índia. Nele, que é o nome místico da Divindade, o  mistério da Trindade se manifesta por um único som, emitido segundo as três letras inseparáveis. Cada uma delas representa uma das três pessoas divinas. A é Vishnú; U é Siva; M é Brama, cada um existindo em si na unidade indivisível.
A pronúncia correta desta palavra não é indiferente ao seu poder; também os Chelas só obtém este ensinamento secreto com o juramento de não revelar a ninguém a maneira ordenada para pronunciar esta palavra.
Antes de lançar-se para as alturas, é preciso ter um conhecimento profundo de três
salas: “do corpo que vive no mundo físico, a ignorância, do coração que se manifesta no mundo sentimental; aprendizagem; e do espírito que vive no mundo mental, a sabedoria”.
No plano físico: a primeira sala é, ignorância, Avidya. É a sala onde viste a luz do dia, onde vives e morrerás.
A segunda sala é a sala da aprendizagem. Aí, a tua alma achará as flores da vida, mas sob cada flor uma serpente enrolada.
A terceira sala é sabedoria. Além se estende a água sem praia de Akshara, fonte inesgotável da Onisciência.
“Toma cuidado Lanú, que te deslumbras por um raio ilusório, que tua alma não retarde e não se prenda a esta claridade moribunda”. Esta claridade irradia do grande enganador (do falaz Mara), aquele que tenta o homem com a atração dos vícios, que o arrasta fora da vida e deseja matar a sua alma. “A falena atraída para a flama brilhante da lâmpada noturna está condenada a perecer. A alma imprudente, que perde a ocasião de apanhar de repente o demônio motejador da ilusão, voltará para a terra, escrava de Mara”.
“A escada por onde o candidato sobe é feita de degraus de sofrimento e de pena; só a voz da virtude pode fazer calar as suas vozes”.
Quem está no caminho está apto a tornar-se senhor da Samâdhi, estado de visão infalível, que é uma iluminação direta da luz divina.
Esta alegria da realização não deve ser egoísta. Aquele que descobriu a Senda deve indicar aos outros e auxilia-los a subir. Só aquele que sofreu deve indicar aos outros, dirigir um discípulo.

A YOGA

A Yoga que muitos consideram erradamente como um meio de obter fatos transcendentes.
A palavra Yoga, quer dizer união com Deus. O Yogi, para chegar a este fim, utiliza meios que terrificam quaisquer dos nossos hábitos ocidentais e que é impossível aconselhar toda pessoa que se encontra ligada a obrigações sociais, aos deveres de família, porque toda a vida do Yogi é a Yoga e nada mais.
Içvaracharia Brahmachari no seu curioso Tratado de Yoga Real, dá a definição dessa ascese: “A ciência da Yoga pode ser definida como o conhecimento do equilíbrio entre o Macrocosmo e o Microcosmo, entre o positivo e o negativo, fase passiva de iluminação”.
Esta ciência se subdivide em Raja Yoga ou Yoga Real e Hatha Yoga.
Raja Yoga é mais elevada, ela deixa em repouso o corpo que está livre de tentações pelo poder do espírito. A Hatha Yoga é, um exercício físico com o fim de destruir as necessidades do corpo, de reduzi-lo à completa servidão material. È o exercício seguido pelos faquires que, por uma série de privações e de assustadores suplícios, reduzem o seu corpo material ao estado de verdadeiro esqueleto.
Os Teósofos desaconselham, com razão, esta segunda forma de Yoga, considerando-a vã e menos útil ao nosso desenvolvimento para a Luz do que a senda do conhecimento e da caridade.
Chega-se à união com Deus por um meio extremamente complicado e tornado voluntariamente o mais difícil possível.
Faz-se colocar nas Asanas (atitudes) as mais penosas que lhe são indicadas.
O Yogi deve ser tão indiferente como um morto, a todas as suas manifestações de vida. Eis-nos bem longe da bondade do ensinamento budista quando recomenda a prática. Pode ser que o Yogi adquira certos poderes, mas ele os adquire para si só e não se preocupa com a humanidade, para a qual ele tem, entretanto os mesmos deveres que os outros homens.
Nesta rápida exposição mostra-se muito bem que, quanto mais longe possamos encarar as coisas, as Índias têm sempre conhecido a Ciência psíquica, seus fatos experimentais, sua moral e sua filosofia.
É deles diretamente dos Mestres da ciência esotérica da Índia, que os fundadores da Teosofia tiraram esta filosofia religiosa que seduziu tantos espíritos. Blavatsky e Sinnet residiram muito tempo na Índia, e ali receberam uma iniciação que depois espalharam no mundo.
Vê-se que a Índia nos apresenta em todas as épocas, Védica, Bramânica e Búdica, uma moral maior, da mais elevada beleza que seus livros sagrados nos deixaram a fórmula.
A Índia nos ensina que nos tornemos solidários com os outros e com o universo, de modo a sentir a importância das menores ações.
A idéia que o budismo ordena que se retire do mundo e que se viva em um isolamento, inútil aos seus semelhantes, é uma idéia absurda.


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Pedro Neves
Enviado por Pedro Neves em 04/08/2008
Alterado em 23/11/2010


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